16 julho 2011

O Óscar da embalagem

imagem daqui via Google

Ainda agora estive a abrir uma daquelas embalagens de presunto fatiado. Conscienciosamente tinha olhado para o código do país de origem – Espanha. Não tinha escolha e, ainda por cima, estava dado como tendo dez meses de cura!

Num canto da embalagem, lá estava a flecha torcida a indicar que era por ali que se devia começar a operação. Era uma embalagem sob pressão. Mais do que pressão tinha o plástico envolvente, estava vulcanizado. E a lingueta de tão reduzida superfície que não dava para segurar com os dedos. E era espanhol, as embalagens nacionais ainda são mais reticentes!

Desisti da fase manual! Era necessário passar à fase com ferramentas. Foi aí que me lembrei do “Óscar da Embalagem” – concurso nacional que conhecera em França nos anos setenta.

Não tínhamos televisão mas o rádio dava as notícias e a música ouvia-se num gira-discos (não era um Teppaz), mais tarde num gravador a cassettes comprado ali no Boulevard Sebastopol, em frente à FNAC. E na rádio passava um “spot publicitário” da Herta, penso eu, em que várias vezes por dia nos relembrava que o fiambre embalado tinha ganho o célebre “Óscar da Embalagem”. E eu sorria, quase sempre, achando idiota como argumento de venda. Afinal era tão simples abrir qualquer embalagem de plástico com os dedos, não era necessário comprar Herta.

Hoje, pensando no assunto, já não sorrio. Pergunto: falta de tecnologia? Falta de imaginação? Ou, simplesmente, ainda não conhecemos o que já existe? Estes pequenos incidentes do quotidiano dão que pensar. Estaremos assim tão longe da Europa? Hoje em dia, já não podemos argumentar que os Pirenéus são uma fronteira. Os Boeings e os Airbus até passam longe.

Hoje, aqui em Cedofeita, século XXI. Lamento não termos um Jerónimo ou um Belmiro ou um António da Embalagem!

Depois da faca bicuda, utilizei a tesoura de cozinha. Mesmo assim a folha superior da embalagem ficou rasgada em vários pedaços. Quarenta anos depois. Quase me rio da minha ingenuidade no que dizia respeito à ergonomia na vida caseira.   

06 julho 2011

O largo do Viriato e as corridas de automóveis


Às vezes, muitas vezes, as imagens apagam-se da memória com o passar do tempo.

Há muitos anos que conheço, por lá passar, o largo do Viriato.

Passei por lá, miúdo, para ir fazer o exame da terceira classe na Escola da rua da Bandeirinha (sim, no meu tempo, havia a maioria dos alunos do primário que faziam um exame na 3ª classe do ensino primário).

Passava lá, também, quando por alguns meses frequentei a escola italiana no pré-primário.

Passei lá a pé, de eléctrico, de automóvel. De baixo para cima, de cima para baixo. A ir da Árvore para o Cineclube, ou no sentido inverso. Tinha amigos que trabalhavam na repartição de Finanças que se situava lá. O Rui M. chegou a morar naquela casa que fazia esquina com a rua da Restauração. Lembrava-me que a certa altura aquele largo estava cheio de carros em estado de degradação.

Mas não me lembro mesmo nada de lá ter existido uma oficina. Há coisas destas que se apagam da nossa memória.

Eu pensava que conhecia o largo do Viriato quando lá passava para fotografar o jacarandá (o grande, aquele que deixaram secar, não este que agora lá se encontra).

Aqui há tempos descobri no Auto Foco um artigo onde se faz referência a esta oficina. E, ao que parece era mais do que uma simples oficina, pois até participava na construção de automóveis de desporto (OLDA). (ver imagem)

Eu sabia que o Porto era uma cidade ligada ao automobilismo. Também sabia que os carros “Palhinhas” eram preparados ali para do Campo Lindo, que a fábrica dos produtos Estrela tinha apresentado bólides nas corridas da Boavista e que de Albergaria tinham vindo os ALBA. Mas não sabia que os OLDA nasciam ali tão perto da rua onde eu nascera.

O largo do Viriato não se situa em Cedofeita, mas na vizinha freguesia de Miragaia.