30 junho 2010

Festa da Música – A primeira

ou: "Faites la Fête!"



Jack Lang instituiu a Festa da Música logo no primeiro ano do seu cargo como Ministro da Cultura.
A França estava a começar a viver de outra maneira desde a eleição de Mitterand.

Eu estava no CREPS de Talence em estágio com mais alguns professores portugueses, tinha chegado na véspera.

Como não havia mais nada que fazer depois de jantar, alguns de nós decidiram ir dar uma volta até Bordeaux.
Só conhecia a cidade de passagem, pela periferia, sempre com pressa de chegar a Bayonne ou de regresso do Porto.

À nossa frente um autocarro na paragem. Os outros, mais pachorrentos, tinham todo o tempo da noite para esperarem o próximo autocarro. Agarrei na mão da C. S. e corremos para o autocarro- na altura eu ainda corria. O autocarro deixou-nos perto do centro, ainda esperámos um pouco pelos restantes colegas.
Depois, solitariamente avançámos pela “rue de Sainte Catherine”. Pelo nome fez-me lembrar o Porto, mas mesmo só pelo nome, na altura já era uma rua pedonal.

Na véspera, com alguns colegas e com a Nazaré, tinha estado numa grande esplanada a aproveitar do fresco da noite, tinha sido num daqueles “cours”, cheio de gente. Agora era uma rua deserta que percorríamos. Nem um, nem outro conhecíamos a cidade. As montras estavam iluminadas mas os raros passantes pareciam apressados para chegarem a casa.

C. S.  ia contando coisas. Eu tinha quase a certeza que ali devia ser uma espécie de arredores da zona dos cafés. Mas haveria cafés em Bordeaux? Lá íamos lentamente. Quando chegámos a uma pequena praça, timidamente, de uma alta janela aberta de um prédio mais do que burguês, saía música. Era um tímido piano que anunciava aos vizinhos e aos peões que se festejava pela primeira vez a música.

Como não havia mais nada que fazer, nada para ver, voltámos ao CREPS. Não nos perdêramos e  facilmente encontramos a paragem do autocarro. Antes de nos irmos deitar – cada um no seu quarto, nessa noite – ficámos ainda algum tempo sentados na relva. Aproveitei para fumar um cigarro. No CREPS não havia música. Um grupo mais adiante também apanhava a fresca. Os desportistas dormiam, os estagiários também.

O estágio correu bem. Eu trouxe boas recordações. Também uma cassette VHS com algumas imagens. Há dois anos, dei a cassette ao Alexandre que a deve ter nos seus arquivos. Com a Mabília e a Olímpia ainda nos rimos uns bons momentos.

Para quem quer saber mais sobre a Festa (para francófonos).
 

  

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