Em 200X já estava há alguns anos a vender horas de trabalho contra “recibos verdes” na Instituição. Felizmente que trabalhava no Porto e a representação local ficava numa freguesia limítrofe de Cedofeita. Tinha a meu cargo a coordenação das actividades culturais da mesma. Na realidade tinha que elaborar um orçamento anual e nunca sabia exactamente do que dispunha no início do ano. O senhor representante da Sede dizia uma coisa e eu devia executar. Mas tinha um título bonito.
Lá para fins de Setembro, o senhor representante chamou-me ao seu gabinete e disse que para o prestígio da Instituição se devia celebrar condignamente o Natal. Assim uma coisa em grande. A D. Augusta, a representante fiduciária, bateu palmas. (sim, sim). Fiquei à espera da ideia. Ia sair da monotonia de uma reprodução de actividades em direcção aos clientes da Instituição. Seria um bolo-rei gigante para entrar no Guiness?
O tempo era curto, mas eu estava cheio de entusiasmo. Antes que eu começasse a ir mais longe nesse caminho imaginativo, o senhor representante avançou logo com a ideia de um Concerto de Música Clássica na época de Natal. Voltado para mim, e aplaudido pela D. Augusta embevecida, expôs a sua ideia! Sim, um concerto de Natal!
Rapidamente, profissionalmente, disse-lhe que era necessário encontrar um local. Que o átrio de entrada da Instituição era demasiado pequeno para acolher um quarteto de cordas que fosse. E eu ainda não sabia quanto podia gastar até ao fim do ano para promover novas actividades.
Não havia problema, ele já tinha tudo planeado. Uma igreja. A igreja da Lapa! Ele ia telefonar já a quem de direito para reservar. Isso fazia ele, o meu papel era de simplesmente contactar o Conservatório Municipal de Z e de arranjar preço com eles. O senhor Representante Local até já tinha encontrado o programa. Um Requiem. O Requiem de Mozart.
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