03 julho 2010

Marie Rose



Ainda morava em casa do Jo e da Jo. Uma noite o Jo estava a estudar numa ponta da mesa e eu a ler na outra.

A certa altura o Jo parou a leitura mas eu não me apercebi logo. Levantou-se e pegou numa lupa. Ao fim de alguns segundos disse: “tenho caspa que mexe!”.

Pânico! A Jo deu um salto até ao tecto. A Jo examinou a cabeça do Jo e o Jo examinou os cabelos da Jo. O Jo examinou os meus cabelos, a Jo examinou a minha cabeça. Catástrofe! O Jo tinha lêndeas, a Jo também, eu não.

Eu não sabia o que eram piolhos, lêndeas também não. Conselho de guerra. Depressa se desenhou um plano de combate aos insectos. Anteriormente eu tinha sido o suspeito pela introdução dos ditos animais – fui considerado inocente.

A Jo tinha vergonha de entrar na farmácia para comprar o líquido mágico e exterminador.  O Jo não queria ir à farmácia. Ficou decidido que seria eu a entrar sob a cruz verde para, timidamente, solicitar o remédio. Bem insisti. Bem argumentei com o meu francês básico que eu até não tinha nenhuma colónia dos ditos bichinhos.

Acabei por ser eu a ir pedir ao boticário a “Marie Rose”. O tipo com um sotaque de metéco, com a minha cara de pastor grego, aquele que não era conhecido pelos comerciantes do bairro.

No sábado seguinte lá fomos aos “bains-douches”, ali perto da Croix-Rouge, fazer a nossa barrela semanal. Daquela feita com “Marie Rose” para toda a gente. Foi nessa altura que fiquei a conhecer as propriedades mágicas da “Marie Rose”.

Sem comentários: